O TRONO INVISÍVEL DA ALTIVEZ (Tiago 4,6)

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O perigo da altivez disfarçada de humildade, arrogância velada, instabilidade emocional, egocentrismo, e o sofrimento que isso causa ao redor...isso é característica de um tipo de pessoa que vive sentada em um trono invisível. Não foi coroada por ninguém, mas reina como se o mundo ao redor fosse sua côrte. Seus olhos não enxergam os outros como companheiros de jornada, mas como súditos, ou, pior ainda, como obstáculos a serem corrigidos, rebaixados, desprezados.

Julga-se sábia, superior, portadora de uma verdade que ninguém mais alcança. Suas palavras não são conselhos, são decretos.
Não ouve para aprender, ouve para responder. E, enquanto fala de humildade, destila orgulho.
Seu vocabulário é cheio de termos nobres: empatia, paciência, luz, paz... mas sua alma, em silêncio, desconhece o verdadeiro peso dessas palavras.
Quem convive com alguém assim, aprende cedo a caminhar em silêncio, como quem pisa em ovos. Um comentário mal colocado, vira tempestade. Um erro comum, vira afronta. Um esquecimento, vira desrespeito.
E assim, todos vivem ao seu redor em constante vigilância, como se suas emoções fossem explosivos prestes a detonar.
Essa altivez disfarçada de sensatez é a mais perigosa, pois se mascara com boas intenções. A pessoa acredita ser justa, mas é cruel. Acredita ser firme, mas é agressiva. Acredita ser sensível, mas na verdade é instável.

Vive uma pseudo-humildade, fala manso em público, mas em casa levanta a voz, e com os íntimos é um desastre. Sorri com os de fora, mas fere os de dentro. Não percebe que não é temida por respeito, mas por medo. Que os outros não se calam por reverência, mas por exaustão. Que o silêncio à sua volta não é admiração, mas sim sobrevivência.

A verdade é que a sabedoria grita mais no silêncio do que no discurso. E quem é, de fato, humilde, nem percebe que é. Pois a humildade não se gaba, não exige, não humilha, ela acolhe.
É preciso coragem para olhar para dentro e admitir: talvez eu não saiba tanto quanto penso. Talvez eu tenha ferido mais do que ajudei. Talvez o trono onde me sentei, seja, na verdade, uma torre de solidão.
E quando essa coragem vier, se vier, será o primeiro passo para descer, não aos olhos dos outros, mas à verdadeira humanidade.
"Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes."(Tiago 4,6)...esse versículo nos mostra que a altivez não apenas nos afasta das pessoas, mas também ergue um muro entre nós e Deus.
A Graça, que é dom imerecido, só encontra espaço em um coração que se reconhece pequeno, falho e dependente. Assim, é pela humildade, e não pela exaltação, que nos aproximamos da Vontade de Deus.

A altivez não apenas prejudica o relacionamento com Deus, mas também afeta os relacionamentos interpessoais e, principalmente, a própria pessoa altiva, que muitas vezes não percebe o mal que está causando a si mesma.
A altivez levanta um muro invisível entre o ser humano e Deus. Como nos alerta a Palavra em Tiago 4:6...Esse “resistir” não é apenas um distanciamento; é uma barreira que impede o fluir da Graça, e até das bênçãos que o Senhor deseja derramar.

E o mais triste é que, ao adotar uma postura altiva, a pessoa não só fere os outros com palavras, julgamentos ou indiferença, mas acaba ferindo a si mesma de forma ainda mais profunda. Vive isolada, endurecida, espiritualmente estagnada, e nem percebe que está atrasando aquilo que tanto espera. A vida passa e os sonhos continuam engavetados, como consequência dessa postura, altiva e arrogante.
A altivez é uma prisão disfarçada de força. Somente a humildade tem o poder de quebrar essas correntes e abrir caminho para o Agir de Deus.



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