A DOÇURA NO CADÁVER

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Em Juízes 14, a cena que nos é apresentada é, à primeira vista, estranha. Sansão, depois de ter despedaçado o leão pelo poder do Espírito do Senhor, retorna pelo mesmo caminho e encontra o cadáver daquele animal. Porém, no interior da carcaça, havia agora, mel. Ele estende a mão, come, e até reparte com seus pais, mas silencia sobre a origem daquele mel. 
 Aqui se ergue uma das imagens mais enigmáticas da Escritura.   O leão despedaçado representa a vitória do Espírito sobre a força bruta da carne. O rugido que outrora ameaçava, foi silenciado pela unção. 

 A fera que simbolizava a velha natureza, feroz e selvagem, foi derrotada. 
No entanto, o texto nos mostra algo inquietante, Sansão volta. Ele retorna ao cenário da morte, volta ao cadáver. E ali encontra mel, doçura no lugar da corrupção, doçura dentro daquilo que deveria ter sido abandonado.

 Assim também é a jornada espiritual. Pela cruz, o “velho homem” foi crucificado (Romanos 6:6). O leão da carne foi vencido pela potência do Espírito.
Contudo, quantas vezes o cristão, em vez de seguir adiante na novidade de vida, retorna aos lugares onde está o cadáver do passado? E ali, para sua surpresa, encontra “mel”, uma certa doçura, um sabor momentâneo que brota das memórias, hábitos, prazeres e velhas inclinações.
O pecado, ainda que morto, parece oferecer um néctar disfarçado. E a alma, descuidada, prova outra vez. 
Esse mel no cadáver é uma metáfora do engano da carne. O que deveria ser deixado no esquecimento, volta a ser fonte de tentação. O perigo é que, ao se alimentar daquilo, ainda que em pequenas doses, o crente compromete sua pureza e sua transparência.

Sansão compartilhou do mel com seus pais, mas não contou sua origem. Sempre que voltamos ao “cadáver” do velho homem e provamos da falsa doçura que ali resta, perdemos a clareza, escondemos, encobrimos. Nosso testemunho fica comprometido. 
 É aqui que se cumpre a palavra de Paulo: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba” (Gálatas 6:7). 
O mel do cadáver é um engano. Parece doce, mas vem de um lugar de morte.
 E toda vez que o crente se nutre dessas sobras do passado, enfraquece sua sensibilidade espiritual, embaraça sua corrida, e transforma em tropeço aquilo que deveria ser um marco de vitória.
O convite do Espírito é este: não volte ao cadáver. O leão foi vencido, a velha natureza foi crucificada. Não busque doçura onde só há corrupção. 

O verdadeiro mel, a verdadeira doçura, está na comunhão com Cristo, que nos convida a provar do “mel da rocha” (Salmo 81:16), e não do mel do cadáver. 
A vitória não é apenas matar o leão; é também seguir adiante sem se alimentar das sobras do passado.
Fixando os olhos em Cristo, decidindo alimentar-se Dele pela Palavra e novas atitudes, e escolhendo diariamente a novidade de vida no Espírito, porque quem se farta do Pão Vivo, não sente fome do mel do cadáver.

(Esse foi expandido à partir da ministração feita por Maciel Loppo)


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